21 julho 2005

Posso fazer uma outra coisa?

Nesse momento, somente esse corpo pode podar ou livrar-me totalmente. Correndo agilmente até as suas entranhas, eu me mostro. Sou felino, o meu totem está tão presente, meu cheiro é incrível, gosto do ócio para observar. Meus movimentos transcendem a sensualidade. Resiste ao meu olhar? Duvido. Pode até se segurar por orgulho social judaico cristão. Mas quero ver como se comporta ao me peitar de frente e eu sugá-la a ponto de você se deixar possuir; tudo mais o que isso possa representar. Cheirar-te de perto, desafiar. Passear a língua em teus pés, assistir seus cabelos escorrendo pelo rosto; ainda assim sem um beijo. Espírito e carne aflitos. A provocação pode ser apenas um comportamento infantil, meio bobo, mas as crianças são cruelmente sinceras.

Nesse momento você saberá o que é afeto, carinho, amor, sexo... Apenas animais... A fêmea no cio... O macho ensandecido pelo aroma forte. O desejo e a impaciência serão sanados.

Lembre-se: você me autorizou. Fui educado e pedi. Aceite e eu não devolverei: um pedaço de você me pertencerá.

18 julho 2005

Ele

Ele é quem consegue colocar o parafuso no encaixe. Possui a paciência necessária para achar o óbvio, mas que por teimosia parece fugir dos frustrados executores. Monopoliza a preocupação positiva, que é aquela que vem sempre fundida com a ação, e ainda se dá ao luxo de chegar com respostas prontas para perguntas que ainda estão sendo formuladas. Contraditório ao gargalhar dos maiores absurdos, enquanto mantém uma postura sempre séria diante de qualquer situação que coloque em perigo o seu meio. A confiança que adquiriu foi em virtude do espelho que refletia um estímulo que acabava por contaminar toda uma equipe que se surpreende diariamente com o senso de humor, a postura camaleônica, o não comodismo e o temperamento dúbio, mas sem nenhum lado maldoso - talvez apenas oscilação de humor.

A voz não se modifica, mantém sempre o tom baixo; parece se esforçar para ensinar que as grandes vitórias devem ser silenciosas ou no mínimo discretas; estudadas, sim, mas jamais inibidas por riscos rotineiros.

Vários mundos em cada pensamento que se sentam juntos para tentar se encaixar em um consenso complicado, uma guerra de virtudes e defeitos. E por tudo isso, se faz necessária a presença de um bom mediador.

O nome do nosso é Daniel Yokota.

11 julho 2005

Poderoso

Ele é poderoso, mas apenas quando está sem grana. Não é fácil domá-lo, o desgraçado parece que tem personalidade própria; basta pedir algo para incentivá-lo a fazer exatamente o contrário. É rebelde por natureza. Gosta de ficar bem aquecido, a sua preguiça tem um motivo: quando resolve trabalhar desafia corajosamente a gravidade, invade territórios desconhecidos, úmidos e quentes - mas nem sempre. Parece um gato; dorme a maior parte do tempo, de vez em quando se manifesta, enrosca-se no tecido - coisa que incomoda feito a porra - e gosta de agir de surpresa. É muito indeciso nos seus afazeres. Nunca sabe se vai ou volta... Fica nessa viagem particular, vai e volta, vai e volta, vai e volta... E o pior é que como ele é cabeça quente, normalmente fica invocado, perde a esportiva e sai cuspindo para tudo quanto é lado.

Eu sempre quis saber o que ele tanto carrega naquela mochila. Me lembra o Lino, amigo do Charlie Brown, que vivia arrastando uma coberta. Até no mundo dele os baixinhos são alvo de gozação. Pelo menos o fato de ser careca não é um motivo para todos os calvos desejarem ser o Ronaldinho. É nítido que toma muito sol na testa e possui uma peculiaridade: a sua boca é na cabeça. Estranho não? Mas é bonitinho - embora eu só conheça um, não posso generalizar nenhuma informação sobre eles. Não, o meu pai não vale.

Talvez o fato mais interessante é o de ser responsável pela postura de uma espécime inteira. Pode deprimir, ser usado como demonstração de poder, é tanta coisa que gira em torno dele... Uma boa parte da humanidade vive conceitos em virtudes de sua atuação. Por sua causa um chefe de Estado quase perde o emprego. Em contrapartida, um outro grande líder, por praticamente desconhecer os benefícios do seu uso, quer destruir o mundo. Dá até para imaginar a revolta do coitado?

A humanidade não seria o que é se não fosse a existência dele: o falo; o caralho, o pinto, pênis, ele tem muitos nomes e dependendo da sua dimensão pode ser apelidado de taco de baseball, amendoim cozido, ponchete, enfim... O que não falta é criatividade dos possuidores e gozadores de plantão. Pois é... Quanta influência, não é? Não sei se ele só é poderoso quando está sem grana, mas muitos afirmam que ele só tem representatividade quando está duro. Com essa análise fiquei confuso... Mas enfim... O que não faz um caralho, hein?

05 julho 2005

Chamas, comédia e tédio

A musa se deitou para arrogar-se totalmente aos prazeres carnais. Cheiro que entregava explicitamente o desejo; simplicidade e ternura. O macho cercava tornando o ritual sensual em total provocação. O uniforme tinha ficado para trás, apenas a essência se fazia notar. O lençol de seda começava a se mover com cada vez mais freqüência e os olhos que se encontravam esporadicamente, estacionam frente a frente.

Os olhos do macho lacrimejavam exibindo certa vergonha, mas era inevitável. Por alguns instantes quis se livrar do seu papel social e se entregou à verdade dúbia.

Ela, depois de assistir atentamente ao rito de honestidade, caiu em uma barulhenta gargalhada enquanto o falo do Shiva já se encontrava nas entranhas. Ele não resistiu muito tempo diante daquela atitude que supunha ser uma conseqüência do prazer. Ao questionar o motivo, recebeu um olhar brilhante e uma aproximação de face: "Eu sou soro positiva", cochichou no seu ouvido a bela fêmea.

A gargalhada continuou...