27 novembro 2008

Uma taça de vinho e o nariz empinado de Paula

Quando ela dorme, eu olho e fico imaginando qual o roteiro estará sendo utilizado para conduzir aquele sonho que se desenrola naquele momento. É bom observar aqueles olhos enormes que, quando abertos, ora são imensamente maliciosos, ora são infantis.

Quando ela acorda, se espreguiça igual a um gato, demora para se situar onde está e demora mais ainda para encorajar-se a levantar. E esse é um dos momentos mais deliciosos porque é onde o seu cheiro infantil e ao mesmo tempo erótico marca enorme presença.

Quando ela demora em finalizar os trabalhos de design mais simples ou para montar um roteiro fotográfico, percebo o talento e a sofisticação do seu olhar diante da suposta realidade; a demora é um cuidado para encontrar a melhor forma de realizar.

Quando ela se revolta com as artimanhas do mercado capitalista do mundo, inicialmente eu penso que ela é ingênua, mas logo depois percebo que é o seu caráter inquestionável sentindo dificuldades em suportar as coisas que os “não ingênuos” consideram padrões comportamentais.

Quando ela julga algo ser belo, eu normalmente concordo de imediato, porque ela própria é feita de uma beleza desconcertante, principalmente sendo observada em detalhes.

Quando ela chora, é momento que eu tenho total consciência de quanto a amo, porque é o esse amor bilateral que traz o seu sorriso de volta.

Quando ela fala sobre a nossa história cheia de inacreditáveis coincidências, eu descanso em paz no seu colo macio. E nesse momento eu posso morrer ali porque, seja lá para onde eu fosse, chegaria sorrindo.

Gostaria que a minha vida se resumisse em uma taça de vinho e o nariz empinado de Paula.

08 novembro 2008

Areia e Vento

A sociedade do cérebro me parece ser a que mais se aproxima da perfeição. Se existem regras nela, ninguém ainda conseguiu interpretar e as verdades se mantêm individuais; assim é a pureza. E para se preservar tal pureza é necessário que certas descobertas nunca sejam feitas, nem mesmo especuladas... especulação alcança, no máximo, o status de opinião.

Entende? É óbvio demais que “óbvio” é a vulgaridade lingüística que traduz opinião. A realidade do dia, mês, minuto, segundo ou ano, nada mais é do que a opinião de alguém(s).