01 fevereiro 2009

Para quem não enxerga, tudo é entretenimento...

Ao assistir de forma totalmente despretensiosa o filme “Quarentena” (Quarantine – 2008), me deparei com uma pequena e subestimada obra-prima. A história é simples, sendo o longa quase um documentário e o telespectador participa ativamente.

Angela Vidal, uma repórter aparentemente inexperiente e o cinegrafista de um programa de TV passam uma noite em uma sede do corpo de bombeiros. Depois de se enturmar com alguns dos bombeiros, jogar basquete, fazer apostas noite adentro e ouvir cantadas baratas, Angela começa a sentir tédio e demonstra certa frustração por não haver ação para mostrar ao seu público. Quando finalmente ocorre uma chamada, ela e o cinegrafista partem junto com o carro de bombeiros para checar a ocorrência, que segundo os próprios bombeiros, deveria ser alguma chamada médica. A partir daí, o filme brinda o telespectador com uma viagem ao terror profundo, como poucas vezes foram vistas no cinema.

Refilmagem do longa espanhol “REC” (2007), “Quarentena” é uma mistura da “Bruxa de Blair” (The Blair Witch Project, 1999) com “Epidemia” (Outbreak, 1995).

O filme é assustador por possuir uma história completamente plausível. Mexe com medos extremamente profundos da mente humana como medo do escuro, claustrofobia e hipocondria. Não há como não destacar a interpretação fabulosa de Jennifer Carpenter, que já havia me impressionado em “O Exorcismo de Emily Rose” (The Exorcism of Emily Rose, 2005). Essa garota certamente ainda não recebeu os méritos merecidos pelas suas atuações assombrosas.

Ouvi algumas pessoas falarem que a história do filme é ridícula. Acho incrível isso, pois não há nada mais lógico e óbvio do que os acontecimentos que se passam nesse longa metragem. É claro, se trata de um filme americano, existem exageros estéticos, mas nada disso compromete o nível de tensão muscular que esse filme leva a quem está assistindo. Vi alguns saírem do cinema no meio da exibição, e tenham certeza, não foi por tédio.

Para que ainda não viu, um conselho: pesquise um pouco sobre o vírus da raiva e epidemias, antes de assistir o filme. Assim você não será arrogante o bastante para achar que tudo o que existe se resume no que nós vemos na nossa vida enclausurada de cidade grande. A história desse filme não é ridícula, mas de certa forma, mostra o quando nós podemos ser ridículos.