31 outubro 2005

Historinhas

Está certo que é muito bonito falar de amor, divagar idéias sobre o quanto esse sentimento tachado como Chapeuzinho Vermelho - que na verdade é um lobo mau em diversas ocasiões - pode ser um ato próximo ao sublime. Ok... Mas deixando a hipocrisia se atrasar na sua presença, fato é que o amor é o benefício do bem estar, onde tudo possui muita luz e cores. Estou levando em consideração a parte benéfica do sentimento. Mas o ódio é que faz o verdadeiro movimento, provoca, incendeia os verdadeiros estímulos; o amor, por ser o ódio disfarçado de algo tipo a apresentadora Eliana, pode em seu contra ponto fazer isso. Enfim, ele é mal visto, "palavra e sentimento pesado", mas grandes mudanças se fazem e foram feitas com a presença dele. Por favor, entendam de que ódio estou falando. Não sou um fundamentalista doente, talvez eu seja apenas doente, mas isso é uma outra história.

17 outubro 2005

Páginas em Branco

Parece até absurdo imaginar que virar um robô pode ser a coisa mais confortável do mundo. Deveria ser, é o que seres pensantes, que fogem compulsivamente do senso comum tentam. Mas no final das contas, na prática mesmo, cruel como a existência inexplicável das verdades individuais e das mentiras coletivas, o melhor mesmo é ser uma máquina. Enfim, o real é isso: a inteligência é fruto de um conjunto de barbaridades de histórias individuais ou então a presença dela nas individualidades causa ou causará a visualização das imensas atrocidades.

Um imenso livro foi escrito; capítulos e mais capítulos... Mas como assim? Abrindo ele, percebo que são grandes folhas em branco. Vamos então começar a escrever - isso, escrever, falei certo, não é reescrever - o livro que já foi escrito, mas não possui nenhum conteúdo. Estranho? Pois é... A vida é estranha, os ídolos também, o que não significa que estranho seja necessariamente ruim...
É uma pena saber que não são todos os filmes que podemos editar. Não dá para escolher as melhores cenas e apagar aquelas que odiamos.

03 outubro 2005

Exótica - Série 1

Jodie não sabia o que poderia conter a sua insanidade, estava ficando cada vez pior - provavelmente, uma das fases mais problemáticas da loucura para a pessoa que a possui é a inicial, quando você percebe que está intercalando entre duas dimensões. Em sua angústia, apreensiva com a possibilidade do descontrole total a que todos estão sujeitos, entrou no quarto do irmão tetraplégico e o observou dormir. Eddie tinha sofrido um acidente automobilístico há cinco anos. Era considerado uma promessa do tênis antes da catástrofe que lhe inutilizou o corpo.

Jodie pegou cinco papelotes de cocaína pura e começou a dividir em imensas carreiras, em cima de uma bandeja de alumínio. Acordou o irmão e lhe ofereceu. Ele foi atleta, mas a brusca mudança em sua vida o transformou; começou a cheirar com o auxílio da irmã. Uma... Duas... Três...

É no mínimo exótico analisar um tetraplégico cheirado. A cabeça - que é a única coisa que ele mexia - tremia como se fosse uma pipoqueira durante o estouro dos milhos. Um sorriso macabro acompanhado da língua que não parava de passear externamente pelos lábios. Jodie também utilizava a droga, mas dessa vez o seu barato era observar o irmão mastigando a si próprio. Depois da quinta carreira, Eddie começou a babar e balbuciar palavras sem nexo, sempre acompanhado das gargalhadas da irmã.

Sem aviso prévio, Frank, o pai de ambos, adentra no quarto e percebe o nível de loucura química em que os filhos se encontravam. Ainda havia duas carreiras separadas. Enfurecido com a cena, Frank cheirou o que ainda restava no quarto, sacou a sua arma e disparou dois tiros certeiros na cabeça de Eddie. Atônita, Jodie ficou muda e trêmula, com o rosto lambuzado de sangue e miolos do irmão. Foi questionada pelo pai: "Por que você cheirou todo o meu pó? Para piorar, encheu esse inútil que não se mexe com a minha mercadoria! Isso é muito caro, sabia?"

Jodie começou a tirar a roupa. Encostou um dos pés no rosto do pai, que começou a chupar o seu dedão e a lamber a sola macia. "Vamos para o meu quarto, filha", disse Frank. "Ainda tenho quinze papelotes para nós." Se beijaram e atravessaram o corredor.