17 outubro 2005

Páginas em Branco

Parece até absurdo imaginar que virar um robô pode ser a coisa mais confortável do mundo. Deveria ser, é o que seres pensantes, que fogem compulsivamente do senso comum tentam. Mas no final das contas, na prática mesmo, cruel como a existência inexplicável das verdades individuais e das mentiras coletivas, o melhor mesmo é ser uma máquina. Enfim, o real é isso: a inteligência é fruto de um conjunto de barbaridades de histórias individuais ou então a presença dela nas individualidades causa ou causará a visualização das imensas atrocidades.

Um imenso livro foi escrito; capítulos e mais capítulos... Mas como assim? Abrindo ele, percebo que são grandes folhas em branco. Vamos então começar a escrever - isso, escrever, falei certo, não é reescrever - o livro que já foi escrito, mas não possui nenhum conteúdo. Estranho? Pois é... A vida é estranha, os ídolos também, o que não significa que estranho seja necessariamente ruim...
É uma pena saber que não são todos os filmes que podemos editar. Não dá para escolher as melhores cenas e apagar aquelas que odiamos.