18 fevereiro 2005

Essa não é a minha casa

Essa não é a minha casa. Nela o meu repouso não é absoluto; as minhas lágrimas não se sentem em sintonia com o travesseiro que existe lá. O espelho tem um reflexo diferente, causa desassossego, a gota de suor insiste em alojar-se na ponta do nariz. Um Puro Sangue veio me buscar, não há mais beleza no que deixei para trás, era tudo esquisito. Vim parar na casa. O animal está tenso, a paciência não parece presente, ainda assim, aguarda. Não aprendi a montar, a casa é incômoda, não é minha; cavalgo porque a distância é longínqua. Os desafios se destacam quando as possibilidades fogem covardemente, meu tempo de decisão foi curto, já está acontecendo. Sou guiado, ainda um pouco sombrio, o lugar vai perdendo as suas formas, a linha se despede de mim. O Puro Sangue sabe que eu não sei montar, agora ele é dono do meu destino.