03 janeiro 2005

Cuspindo para cima

O que realmente faz a alma arder de insegurança diante da possibilidade de perder a pessoa amada? Muitas coisas podem matar uma relação. Quanto mais castradora, maior é a possibilidade disso acontecer e com uma rapidez acima do normal, se é que esse parâmetro existe. O que você realmente sente? Qual a diferença entre essa resposta e o que te ensinaram? Quantas verdades lhe foram dadas e você simplesmente aceitou? Não podem tocar o que é seu? Só de você imaginar já te bate um desespero? Não aceita porque isso seria traição... O que é exatamente traição? O que realmente importa? Pense bem... Gostaria de uma relação com alguém que você admirasse, conversasse abertamente com o mínimo de segredos, que sentisse um tesão fenomenal e que de repente virasse para você confessando estar sentindo um desejo enorme por outra pessoa? Se isso acontecesse, qual seria sua a reação? A lealdade é uma qualidade difícil de conviver porque normalmente é mal interpretada e acaba sendo confundida com fidelidade. Nesse contexto, o que seria a âncora que estaciona uma relação verdadeira, acaba sendo motivo de medo e angústia. É claro, na prática as coisas não são tão simples, mas é bem menos complicado se desligando do ego e se apegando com o desejo de felicidade da pessoa amada. Se realmente existe amor, por que o egoísmo e a hipocrisia recebem tanta importância? Será que o amor não pode ser plural? Não seria um privilégio saber que entre tantos seres humanos amados, você é que tem a prioridade? E todas a experiências divididas acrescentam na confiança e na criatividade presente em todas as cabeças, embora muitos não descubram a presença da mesma. Um absurdo? Libertinagem? Será? Só se ama uma vez na vida? As coisas boas sempre acabam? O que causa isso? A procura eterna do ser humano por descobertas vem do subconsciente, o que explica a natureza da curiosidade. A repressão a isso causa desgaste e infelicidade, um simples freio já é perigoso, embora em alguns momentos, necessário. Mas não existe nada mais eficaz para matar o entusiasmo do que o ato de podar de forma tirana e egocêntrica. As grandes amizades nascem das descobertas que são feitas com uma determinada pessoa. Ela passa a ganhar importância e a gerar lembranças e expectativas deliciosas. Você ri fácil com ela. Conversa muito e ouve-a falar sobre a beleza alheia e acha graça. Ouve relatos dos seus desejos mais íntimos e proibidos e por todos esses motivos somados, você se apaixona. E quando a situação chega perto da perfeição com tamanha sintonia, você tenta mudar tudo o que te fez fascinar-se, quer tudo só para você. É bem simples: a partir daí, está colocado um prazo de validade na relação.