22 dezembro 2005

O Bosque

Encontrava-me distraído, meus passos seguiam a ritmo de tartaruga, os pensamentos simplesmente vagavam despretensiosamente. Dava para visualizar muitas histórias, da Gata Borralheira à do homem forte e da mulher de pele macia. Foi quando o tempo ficou frio, não somente frio em sua temperatura, mas a sua imagem diante dos meus olhos. Meus olhos ora vivos, banhados ora por lágrimas, em outros momentos por sangue. Ora catatônicos, uma imagem virgem, um conceito sem nexo ou por demais envelhecido para possuir relevância lógica. Árvores de troncos imponentes e de aspecto macabro me lembravam que o meu amor não estava presente naquele momento, apenas a alma de barro que se conectava aos ruídos xamânicos que interagiam em força entrelaçada. A força jamais é uma unidade. A escuridão, que tomava forma, trazia formas. Adereços da minha fantasia vinham e não iam embora, mudavam o contorno de acordo com o meu piscar, úmido e vagaroso. Eu não tinha medo, o desejava em presença me faria sair da inércia, da decrepitude dos passos sem rumo, perdidos no imenso bosque. Sem uma ave de rapina real para me guiar, como eu poderia sair do bosque?