16 junho 2005

Rosas Graúdas Vermelhas

Algemado, ele sucumbia à imagem da fêmea se masturbando com o salto de um sapato fino. Não parecia doentio, apesar da agonia dele; queria se aproximar. A iluminação de velas, o cheiro de couro novo se misturava com o agradável odor das frutas exóticas. A cadeira era pesada, mas ele conseguia se arrastar.

A chave da porta fica um pouco emperrada, ele demora para conseguir abrir. Acaba tomando um pouco de chuva. Um pequeno saco de supermercado em uma das mãos. Na outra, um buquê com algumas rosas vermelhas graúdas e de cheiro marcante. Esfregou os sapatos úmidos e um pouco enlameados no carpete e, já na cozinha, abriu o pacote cheio de frutas exóticas. Lavou-as. Tirou toda a roupa e subiu lentamente as escadas com as duas mãos ocupadas; rosas e frutas em uma bandeja de prata. Ouviu gemidos... Diminuiu os passos e os sussuros se confundiam com palavras balbuciadas.

O homem agredido não podia se defender. A bandeja de prata já estava avermelhada, a dança de cores parecidas. Os vermelhos das rosas e sangue.

Ela já estava prestes a gozar. A velocidade do salto aumentava, os movimentos tinham uma certa sincronia. Parou. Catou uma rosa jogada no chão e mergulhou em uma poça de sangue em volta da cadeira. Esfregava carinhosamente no próprio sexo, sentia cócegas.

O som alto com a equalização ruim, talvez algum problema em uma das caixas. Ele ouvia Blind Melon; chorava compulsivamente. As lágrimas se misturavam com a água que jorrava da torneira da pia, onde ele lavava meticulosamente uma bandeja de prata.