Fico perguntando ao meu silêncio sobre detalhes de fatos que acontecem, poderão acontecer e fatos que eu não tenho certeza se já aconteceram. Certas horas eu divido esses questionamentos com os poucos amigos que sofrem do mesmo mal. Bem, talvez não seja um mal, pode ser um privilégio.
Vejo situações, assisto pessoas inseguras se descobrirem, assisto pessoas cometerem os mesmos erros, vejo a vida dar lições, vejo o óbvio passar desapercebido; eu olho nos olhos de quem não vale a pena para me certificar que realmente não vale a pena. Afinal, eu também repito erros.
Muita gente interpreta e julga atitudes alheias como se esses dois atos fossem mudar alguma coisa. O julgado não vai mudar pela força – ou ausência de força – da análise alheia. E o juiz perde o seu precioso tempo e a oportunidade de analisar a si próprio.
Juízes são ineficazes. Os poucos amigos, esses sim, conseguem fazer o que os juízes tentam incansavelmente. Amigos utilizam amor e se colocam junto, como auxílio para o momento pesado da destruição dos mitos. Os magistrados apenas julgam, batem os seus martelos e se retiram quando deveriam se ocupar com a própria angústia, no preto, onde a resposta dessa dor própria eles não procuram por covardia ou arrogância; os dois juntos, talvez.
Aparentemente, os juízes são vítimas. Só aparência. As pessoas costumam adorar os juízes, desde que só os conheçam em território plural. A solidão é obscura, para os homens de preto não se pode mostrar nada a partir daí. O importante é que só apareça luz.