Impossibilitado de beber, de fumar coisas lícitas ou não, de comer qualquer coisa que não seja líquida ou pastosa, de engolir a própria saliva, de falar, até de transar. Sem apetite algum em virtude dos efeitos de um antibiótico “bomba atômica” que uma médica que se diz minha amiga insiste em me fazer tomar; e eu não tomava remédio algum há mais ou menos dois anos e meio. Não posso falar alto, não posso ficar tomando vento forte, não posso tomar chuva – coisa que eu adoro. Não posso ensaiar o caralho do meu roteiro de um projeto importante que já está mega atrasado em virtude de eu não poder fazer nada há quinze dias. Não agüento mais ouvir sermões de meus amigos que insistem em me lembrar que eu sou um mortal e parar de achar que sou super homem. Não sei para onde mandar tanto tesão acumulado, não sei como me livrar da insistência da minha mãe para que eu coma – porra, eu não tenho fome, vou fazer o quê? Tudo que eu como forçado me enjoa; até ovo, que eu adoro, está me dando náuseas só de olhar.
Como tudo na vida tem o seu lado bom, estou quase com o corpinho daqueles caras que fazem propaganda das cuecas Calvin Klein (é assim que escreve?). Cheguei a voltar a ganhar fã da minha barriga – tinha um bom tempo que eu não sabia o que era ter alguém admirando essa parte do meu corpo.
Já ouvir falar muito na tal da amidalite, mas nunca imaginei que isso doía tanto. Fora o fato de que quase fudeu o meu ouvido esquerdo. Aliás, para quê servem as amídalas? Chamou tanto à atenção da médica a situação “banheiro químico de carnaval” que a minha garganta se encontrava que ela arranjou uma camerazinha e bateu umas três fotos da pobrezinha; isso para usar como exemplo em suas aulas. Lindo, né? Enfim... Para o inferno com essa porra de amidalite.